segunda-feira, 14 de junho de 2010

Estranhamente.


           Ele me olhava triste. Eu não suportava seu olhar triste a lembrar-me das vezes todas que o tinha procurado inutilmente pelas ruas sem encontrá-lo. Agora que o encontrava já não o procurava. E um encontro sem procura era tão inútil quanto uma procura sem encontro. Detalhei meus movimentos para não o atemorizassem. E novamente o olhei. Ah se conseguisse. Mas sempre será preciso o pão desta agonia. E disse:

          - Não farei um movimento para afastar os cadáveres que juncam as águas do lago não farei um movimento para conduzir o barco em direção ao sul pois sei que existem ventos e que os ventos sopram sei que se uma folha bater de leve no meu rosto eu a esmagarei feito mosca e sei que se houver cirandas pelas margens eu matarei as crianças sei do meu ser de faca sei do meu aprendizado de torpezas sei do que há no fundo desse lago e sei que você não o tocará porque a superfície não o revela e será mais fácil para o teu gesto afastar os cadáveres que juncam as águas do teu próprio lago e movimentar o barco a favor do vento e acolher as folhas que baterem em teu rosto e ouvir as cirandas e sorrir para as crianças paradas nos beirais sei da tua forma de chegar à morte sei da minha forma de chegar à vida e sei que não te tocarei no campo de trigo atrás de tua face e sei que não tocarás na ponta de faca atrás da minha face e sei do nosso mútuo assassinato e sei de nossa insaciável fome de carne humana porém te digo que este meu ser inaparente que este meu ser é de faca e não de flor. 

[Caio F. Abreu]


terça-feira, 8 de junho de 2010

Are you happy?

Ontem sonhei contigo.
É de novo. Pra você ver como acontece com freqüência.
Parecia tão real, tão verdadeiro. Eu estava nos teus braços, sentindo-me protegida. Vendo seu sorriso lindo estampado no rosto. (...)
Você não imagina o quanto eu desejo poder ficar perto de ti. Não tem noção do quanto eu penso em ti todos os dias. Não, não tem.
É por tua causa que me pergunto o porquê de estar envolvida com outra pessoa, quando na verdade, o meu ser clama por ti.
Ah! Claro. Tenho tido bons momentos, não nego. Mas, sabe quando se sente que não é completo? É isso. A necessidade de carinho, afeto e presença me levam a essas relações infrutíferas e pouco duradouras. 
Enquanto isso, você está ai... Longe de mim, sem saber  tais coisas. 
E quando penso em dizer tudo que sinto, lembro que também estás com alguém.
Paro e reflito.

Daí minha única vontade é perguntar: Você é feliz?


Lara Leite