De repente as coisas não precisam mais fazer sentido.
Satisfaço-me em ser. Tu és? Tenho certeza que sim.
O não sentido das coisas me faz ter um sorriso de complacência.
De certo tudo deve estar sendo o que é.
- Clarice Lispector -
De repente as coisas não precisam mais fazer sentido.
Satisfaço-me em ser. Tu és? Tenho certeza que sim.
O não sentido das coisas me faz ter um sorriso de complacência.
De certo tudo deve estar sendo o que é.
- Clarice Lispector -
É preciso coragem. Uma coragem danada.
Muita coragem é o que eu preciso.
Sinto-me tão desamparada, preciso tanto de proteção…
porque parece que sou portadora de uma coisa muito pesada.
Sei lá...
- Clarice Lispector -
Quero mudar minha vida. Tenho 19 anos, é tempo de fazer alguma coisa. Talvez eu tenha medo demais, e isso chama-se covardia. Fico me perdendo em páginas de diários, em pensamentos e temores, e o tempo vai passando. Covardia é uma palavra feia. Receio de enfrentar a vida cara a cara. Descobri que não me busco ou, se me busco, é sem vontade nenhuma de me achar, mudando de caminho cada vez que percebo a luz. Fuga, o tempo todo fuga, intercalada por períodos de reconhecimento. Suavizada às vezes, mas sempre fuga.
- Caio Fernando Abreu -
Vou ser feliz, sem me importar com o que isso irá causar aos outros. O importante é que não estou fazendo mal a ninguém, pelo contrário! Estou apenas enterrando as impurezas e toxinas da minha vida e deixando brotar uma bela e frutífera árvore, e que seja doce...
A mulher histérica é coquete e necessita de público. Chama atenção ao primeiro contato pelo estilo “cheguei”, teatral, artificioso, inautêntico, carente de atenção e elogios. O paranóide tenta dominar o mundo pela lógica cruel de seu delírio; o obsessivo vence pela rigidez da organização; o histérico conquista – e principalmente as mulheres histéricas – pelo gracioso jogo de sedução. Mesmo que a tenhamos visto ou conversado muito superficialmente, abraça-nos efusivamente, beija-nos, diz que nos adora.
A mulher histérica faz-nos parecer velhos amigos. Não deixa de ser agradável a falsidade da mulher histérica, especialmente quando a vida está carregada do amargor dos dias. Sem sombra de dúvidas, perdoem-me os perfeccionistas, mas o “me engana que eu gosto”, por vezes, na solidão faz falta.
A mulher histérica não tem emoções somente; ela é a própria emoção personificada. O decote sedutor, o olhar encantador, o cruzar de pernas “voyeristas” faz da mulher histérica terrível arma de êxtase e desenganos. Muda de humor como político de partido. Chora, ri, pedes desculpas depois de agredir, anoitece amando e amanhece abandonando. Declara amor eterno com a mesma facilidade que arruma as malas e vai embora. Tem muito homem inexperiente dormindo debaixo da ponte da existência por causa da mulher histérica.
Nunca contrarie uma mulher histérica. Elogie- lhe o que estiver bonito em suas roupas, adornos e adereços. Você jamais resistirá ao choro e às lágrimas, mesmo superficiais, da mulher histérica. Lembrem-se sempre que Napoleão Bonaparte, conquistador de batalhas, perdia-se ante os prantos de Josefina. Siga-lhe o exemplo.
A mulher histérica é extrovertida, transforma em alegria e dor tudo que toca sua sensualidade. Na sexualidade, no amor romântico, na possessividade, na busca da fama, a mulher histérica é um perigo. Ela faz da busca a fama o centro das atenções. Cuidado! Muito cuidado! Os seus olhos, como seu sexo são de uma lubricidade infinita.
O olhar desconcertante. A expressão corporal é de profunda provocação sedutora para o amor. A mulher histérica carrega em seu olhar úmido a carência do afeto. E mais que isso: possui esse olhar úmido da tragicidade, do encantamento, do devaneio e das grandes paixões eletrizantes. O problema, para o frágil homem envaidecido, é que a mulher histérica em seu narcisismo, vai fazê-lo sensivelmente amado, quando na verdade ela ama só a si. Vaidosa, egocêntrica exibicionista, dramática, faz o teatro para si e para o mundo, no exato papel que o mundo ou a vida lhes nega. Cuidado homem vaidoso, com o amor da mulher histérica: é forte e ao mesmo tempo falso; intenso e frágil; profundo e superficial. Muita atenção: ela é imprevisível. A mitomania, mania de mentir e acreditar na própria mentira, é fundamental como traço de sua personalidade. Mistura fantasia e realidade, não sabendo quando uma começa e outra termina. De imaginar fértil e fantasiosa, pode chegar a calúnia para chamar a atenção sobre si e sentir-se o centro do mundo. Pode afirmar a você, homem frágil, que foi cantada, inventar histórias onde são vítimas da sedução sexual, sentir-se perseguida pelo marido, médico ou namorado da irmã. Assim engana e se engana para ser valorizada.
- Maurilton Moraes -
Ninguém vivia pra sempre.
Afinal, a vida é um upa.
Não deu pra ir mais além.
Quem mandou não ser devoto
de Santo Inácio de Acapulco,
Menino Jesus de Praga?
O diabo anda solto.
Aqui se faz, aqui se paga.
- Paulo Leminski -
Depois foi ao Hyde Park e deitou-se na grama quente,
abriu um pouco as pernas para o sol entrar. Ser mulher
era uma coisa soberba. Só quem era mulher sabia.
Mas pensou: será que vou Ter que pagar um preço
muito caro pela minha felicidade? Não se incomodava.
Pagaria tudo que tivesse de pagar. Sempre pagara e
sempre fora infeliz.
- Clarice Lispector -