terça-feira, 27 de abril de 2010

Desculpa se não sou a filha perfeita.

Hoje estou com uma moleza por dentro, uma coisa que não sei bem explicar como é, parece um imenso tapete de algodão embranquecendo tudo. Papai me provocou à hora do almoço, como sempre, mas não reagi. Baixei a cabeça, continuei comendo sem dizer nada. Aí ele parou com a agressão, começou a ser muito gentil e tudo. Então me deu muita raiva. Porque não pode me tratar bem sempre? Será preciso que eu baixe constantemente os olhos para que ele não me magoe? Se for assim, vai me magoar a vida inteira, porque não quero — nunca — baixar os olhos para ninguém.
(...)

A gente sempre exige mais das pessoas e das coisas que quer bem, as que queremos mal ou simplesmente não queremos nos são indiferentes.

(...)
Quero, um dia, não me importar com elas, nem com o que possam pensar ou dizer, nem com qualquer outra pessoa. Ah, como eu queria ser eu mesmo, por um dia, uma hora que fosse. Mais como é difícil, meu Deus, como é difícil.

- Caio Fernando Abreu -


--------------------------------------------------------------------------------------------

"E porque sempre tem alguém que te fale o que fazer
E nem pense no porque você é assim..." (Ladz)

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Extremo da Lucidez.


Os homens são tão necessariamente loucos que não ser louco seria uma outra forma de loucura. Necessariamente porque o dualismo existencial torna sua situação impossível, um dilema torturante. Louco porque tudo o que o homem faz em seu mundo simbólico é procurar negar e superar sua sorte grotesca. Literalmente entrega-se a um esquecimento cego através de jogos sociais, truques psicológicos, preocupações pessoais tão distantes da realidade de sua condição que são formas de loucura - loucura assumida, loucura compartilhada, loucura disfarçada e dignificada, mas de qualquer maneira loucura.


- Ernest Becker -


 

 

 

domingo, 25 de abril de 2010

(!)


Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que, por admiração, se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles. Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração. Como eles admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.


- Clarice Lispector -

sábado, 24 de abril de 2010

Sonho bom.

Enquanto a vida passa sorrateira e impiedosa, ela vai vivendo seus dias indiferente a mazelas que a rodeia. Para conseguir tal façanha, criara um mundo paralelo. Onde tornava real tudo àquilo que desejasse.

Neste momento, encontra-se sentada numa sala de aula ouvindo a voz (irritante) de uma pessoa que está ali para transmitir parcela do conhecimento que detém. Ela pensa em inúmeras coisas. Viaja em pensamentos que a levam para locais distantes. Seu celular vibra, trazendo-a de volta para  a realidade. Era uma mensagem de texto.

“Quando a aula terminar, venha para minha casa. Tenho uma surpresa pra você. ;)” 

 Sem entender muito, ela responde a mensagem da amiga.

 “Que tipo de surpresa?” 

 Alguns minutos depois chega à resposta:

 “Apenas venha. Ficarei esperando...”

 “Que estranho.” pensou ela. Sua amiga nunca se comportara dessa forma pois sabia que ela não gostava de metades. Estava agora curiosa e ao mesmo tempo receosa com a tal surpresa. E ainda faltavam três aulas pela frente. Seus pensamentos dispararam tentando descobrir qual seria o motivo de tanto mistério. Os minutos passavam lentamente, aumentando sua ansiedade e impaciência. Até que, por fim, a última aula terminara. 

Ela sai pelas ruas andando rapidamente. O percurso era um pouco longo. Mas, antes que sentisse o cansaço, já estava em frente à casa da amiga. Toca a campainha. Sua amiga abre a porta com sorriso estampado no rosto. 

 “-Vem, entra logo. Tem alguém aqui que quer te ver. Rsrs.” 

Quando chega a sala ela ver qual a surpresa. Seu mundo para. Estava diante da pessoa pela qual fizera loucuras. A pessoa responsável pelos seis meses mais felizes e mais completos de sua existência. Um filme passava pela sua cabeça. Todos os momentos, todas as promessas. Tudo de bom (e de ruim) que tinha vivenciado no relacionamento mais sublime que havia tido, viera à tona. Não conseguia acreditar no que seus olhos viam. Sentia somente a reação de seu organismo ao misto de emoções que estava tomando conta de seu ser. E reagindo impulsivamente, ela corre para os braços de seu amor. Quando estavam a alguns centímetros de distância, ela acorda. 

Sonho. Tudo tinha sido apenas um sonho... 

 


 Lara Leite

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

"Acordei de um sonho bom que eu queria gravar..." (Gram)

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Amor e Ódio.

Para quem me odeia,

Eu te amo. E não seria metade do que sou sem você, juro. É seu ódio profundo que me dá forças para continuar em frente, exatamente da minha maneira.
Prometa que nunca vai deixar de me odiar ou não sei se a vida continuaria tendo sentido para mim. Eu vagaria pelas ruas insegura, sem saber o que fiz de tão errado.
Se alguém como você não me odeia, é porque, no mínimo, não estou me expressando direito. Sei que você vive falando de mim por aí sempre que tem oportunidade, e esse tipo de propaganda boca a boca não tem preço. Ainda mais quando é enfática como a sua - todos ficam interessados em conhecer uma pessoa que é assim, tão o oposto de você. E convenhamos: não existe elogio maior do que ser odiado pelos odientos, pelos mais odiosos motivos. Então, ser execrada por você funciona como um desses exames médicos mais graves, em que "negativo" significa o melhor resultado possível.

Olha, a minha gratidão não tem limites, pois sei que você poderia muito bem estar fazendo outras coisas em vez de me odiar - cuidando da sua própria vida, dedicando-se mais ao seu trabalho, estudando um pouco. Mas não: você prefere gastar seu precioso tempo me detestando. Não sei nem se sou merecedora de tamanha consideração.
Bom, como você deve ter percebido, esta é uma carta de amor.

E, já que toda boa carta de amor termina cheia de promessas, eis as minhas:

Prometo nunca te decepcionar fazendo algo de que você goste. Ao contrário, estou caprichando para realizar coisas que deverão te deixar ainda mais nervoso comigo. Prometo não mudar, principalmente nos detalhes que você mais detesta. Sem esquecer de sempre tentar descobrir novos jeitos de te deixar irritado. Prometo jamais te responder à altura quando você for, eventualmente, grosseiro comigo, ao verbalizar tão imenso ódio. Pois sei que isso te faria ficar feliz com uma atitude minha, sendo uma ameaça para o sentimento tão puro que você me dedica. Prometo, por último, que, se algum dia, numa dessas voltas que a vida dá, você deixar de me odiar sem motivo, mesmo assim continuarei te amando. Porque eu não sou daquelas que esquece de quem contribuiu para seu sucesso. Pena que você não esteja me vendo neste momento, inclusive, pois veria o meu sincero sorrisinho agradecido - e me odiaria ainda mais.


Com amor, da sua eterna.

- Fernanda Young -

 

sábado, 17 de abril de 2010

Apenas começando.

Mas tudo está bem agora, eu digo: agora. Houve uma mudança de planos e eu me sinto incrivelmente leve e feliz. Descobri tantas coisas. Tantas, Tantas. Existe tanta coisa mais importante nessa vida que sofrer por amor. Que viver um amor. Tantos amigos. Tantos lugares. Tantas frases e livros e sentidos. Tantas pessoas novas. Indo. Vindo. Tenho só um mundo pela frente. E olhe pra ele. Olhe o mundo! É tão pequeno diante de tudo o que sinto. Sofrer dói. Dói e não é pouco. Mas faz um bem danado depois que passa. Descobri, ou melhor, aceitei: eu nunca vou esquecer o amor da minha vida. Nunca. Mas agora, com sua licença. Não dá mais para ocupar o mesmo espaço. Meu tempo não se mede em relógios. E a vida lá fora me chama!

- Fernanda Mello - 

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Um instante de esperança.


''Linda menina abra as asas
Voe o mais alto que puder
Acredite você pode ir ainda mais alto
Feche os olhos, imagine-se
Nunca olhe para baixo
De a mão ao céu
Alcance o universo, almeje o infinito
Transpasse as barreiras da realidade
e siga seu coração.''

- Daniel Lessa - 

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Sumi porque só faço besteira em sua presença, fico mudo quando deveria verbalizar, digo um absurdo atrás do outro quando melhor seria silenciar, faço brincadeiras de mau gosto e sofro antes, durante e depois de te encontrar. Sumi porque não há futuro e isso não é o mais difícil de lidar, pior é não ter presente e o passado ser mais fluido que o ar. Sumi porque não há o que se possa resgatar, meu sumiço é covarde mas atento, meio fajuto, meio autêntico, sumi porque sumir é um jogo de paciência, ausentar-se é risco e sapiência, pareço desinteressado, mas sumi para estar para sempre do seu lado, a saudade fará mais por nós dois que nosso amor e sua desajeitada e irrefletida permanência.

- Martha Medeiros -

domingo, 11 de abril de 2010

Ainda dói.

“A vida sem freio me leva, me arrasta, me cega
No momento em que eu queria ver
O segundo que antecede o beijo
A palavra que destrói o amor
Quando tudo ainda estava inteiro
No instante em que desmoronou
Palavras duras em voz de veludo
E tudo muda adeus velho mundo.
Há um segundo tudo estava em paz.”
(Paralamas do Sucesso)

Acho incrível como tudo pode mudar num segundo. Nessa fração ínfima de tempo que parece não fazer diferença, você pode mudar a rota da tua trajetória e com isso perder todo o seu equilíbrio. 

Há uma semana eu mudei minha rota. Escolhi ir de encontro com o incerto, com o inesperado. Decisão errada? Não. Nem de longe me permito acreditar que foi errado. No entanto, este caminho é escuro e sinuoso, cheio de surpresas.

Não consigo entender como se pode gostar tanto de alguém que você nunca viu, nunca tocou. Não entendo como minha personalidade, que procura sempre ser racional, conseguiu deixar que alguém tão distante exercesse tanta influência em minha vida. E  pior: isso tudo é tão louco que eu posso estar em qualquer lugar, com qualquer pessoa e me lembrar de você por um motivo simples; como escutar uma música. (...)

São tantos pontos em comum, tantas ações e gestos que te trazem a mim, e simultaneamente, me levam a você. Uma conversa, um sorriso, um momento ou até mesmo um único “boa noite” é o bastante para que eu me sinta bem. Era pra ser a combinação perfeita. Eu e você, nada mais. 

Porém existem inúmeros fatores negativos que nos induzem a desistência e, nos impõem ‘um seguir em frente’. A distância é a mais cruel, a mais dolorosa.  Mas, “apesar dos pesares” a saudade insiste com sua presença. Trazendo com ela as lembranças que deveriam ficar guardadas lá no passado. O sentimento é forte e nos deixa assim, frágeis e impotentes, com uma realidade que não pode ser modificada. Eu sei que não deveria estar escrevendo tais coisas. Eu sei. Mas, são exatamente 05h13min da manhã e ainda não consegui dormir. Algo dói em mim.

Te vi “falar” tantas coisas, sobre todo o sentir que ainda existe, e naquele momento me segurei o quanto pude para não falar da reciprocidade. Eu percebi o quão vulnerável você estava e tive muito medo que minhas palavras piorassem o seu estado. Mas, acontece que estou com tudo preso aqui dentro. Com um turbilhão de emoções que me deixam como uma “bomba-relógio”, capaz de explodir a qualquer momento. Eu tive que ser forte por mim e por você. E continuo tentando ser... Contudo, eu precisei achar uma forma de aliviar toda essa tensão interna que está me consumindo. Eu precisei arranjar uma maneira de por isso pra fora e, de certa forma, me sentir melhor. Te falei há menos de duas horas que ia me afastar, que iria fazer o que fosse possível para que tu ficasses bem. E vou fazer, acredite! Apesar de não ter a mínima ideia de como começar. 

Por favor, tenta entender que a nossa conversa me abalou emocionalmente. E por isso estou aqui, escrevendo essas (confusas) palavras. Peço que me desculpe, pois sei que se você acabar lendo isso, não vai ficar bem. Não me culpe por me sentir assim. Por favor, não me condene por não ser forte o suficiente e simplesmente sumir...

Sinto muito que as coisas necessitem acontecer dessa forma para que nossas vidas dêem certo. O que me resta é, mais uma vez, aceitar. Porque eu posso preencher inúmeras linhas aqui, mas, não existe nenhuma palavra nesse mundo que possa traduzir como estou agora.

Escrito em 22/03/2010. 
Por: LaraLeite

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------

A sensação de entorpecimento ainda é a mesma. Os dias que já se passaram não diminuiram em nada o sentimento que está aqui dentro. É como se todas as células que constituem o meu ser estivessem direcionando as suas reações metabólicas na síntese dessa dor incessante. Antes de você, viver era fácil... 


 Para ler escutando: That's What You Get - Paramore

Palavras sufocadas.


"Grite", ordenei-me quieta. "Grite", repeti-me inutilmente com um suspiro de profunda quietude. (...) Mas se eu gritasse uma só vez que fosse, talvez nunca mais pudesse parar. Se eu gritasse ninguém poderia fazer mais nada por mim; enquanto, se eu nunca revelar a minha carência, ninguém se assustará comigo e me ajudarão sem saber; mas só enquanto eu não assustar ninguém por ter saído dos regulamentos. Mas se souberem, assustam-se, nós que guardamos o grito em segredo inviolável."

sábado, 10 de abril de 2010

Assim sem fim.

"Não consegui. Do grande esforço através dos doze meses, doze signos, doze faces, só guardo essa certeza. Que tonta travessia. Tudo bem, descansa. Faz parte, não conseguir. Como Sísifo, se queres mitologias. Queres ainda? Por favor, estou farto. Brilhos baratos, as jóias eram todas falsas. Está certo, mas não quiseram te fazer mal. O mal não existe reverso do bem. Tanto faz, só peço que me deixem. Vou ficar encostado na árvore até amanhecer. Olhos abertos, feito uma vela acesa. Se ela insistir, direi que não tenho piedade alguma. Que não compreendo, não aceito nem perdôo mais a loucura. Se ele vier, pedirei que fique. Serei bom para ele. Mentira, não pedirei nem direi nada a ninguém. É indivisível, aprendi. Talvez consiga dormir. Talvez consiga acordar amanhã finalmente livre de tudo isso. Terei apenas um corpo, poucos pensamentos, todos pequenos. Sei que foi inútil quando os vejo obstinados recomeçar e recomeçar sempre. Uma serpente que morde a própria cauda, um círculo infinito de enganos, Maya. Talvez não, perdeste a fé? Não te castiga assim, está tudo em paz. Nunca houve cães. É como uma cantiga de ninar nas cinzas do fim do mundo. Um barbitúrico, se preferires. Entorpece, melancólico, te leva para longe. Já se perdeu, não há futuro. Repousa, meu amigo. Deixa-me passar a mão nos teus cabelos. Está amanhecendo. Em voz baixa, eu canto para te enganar."


Dodecaedro - Caio Fernando Abreu

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Antes Só.

Para!  Hoje eu já não quero fazer drama
Diz que me ama, ou vai embora. 
Mas se você passar por aquela porta, já não tem volta
Eu vou chorar; mas toda lágrima que cair, vai secar.
O tempo vai passar, e nada vai mudar; vou continuar sozinho!

Eu vou esconder meu coração onde ninguém possa encontrar;
Perdido na escuridão pra nunca mais se machucar.
Prefiro ter que fugir do que tentar, vai ser melhor;
Se for pra ter que sofrer, antes só!


Olha, como eu finjo estar bem melhor agora,
Depois que você foi embora
E fingir que estar sempre sorrindo de alegria quando te via,
Mas era agonia!

Eu vou chorar; mas se nada dura pra sempre, a minha tristeza também não vai durar!
O tempo vai passar, e eu vou me acostumar a viver sozinho.

Refrão.


Eu não vou mais chorar de dor, eu não quero ser assim!
Eu não vou mais sentir amor, no final sempre é ruim!
Eu não vou mais achar que na vida tudo passa; que tudo é bom no final, e no final...

Refrão.

E agora fico sozinho, esperando o tempo passar;
Sabendo que mesmo que ele passe nada vai mudar!
Na madrugada eu já cansei de esperar, no chão, sem dó.
Se for pra viver assim, antes só!
Antes só...

Iupie - Antes Só. 

terça-feira, 6 de abril de 2010

Insanidade.


"Os gritos varavam a noite, ora ecoando juntamente com os latidos dos cães ao longe, ora perdido em meio ao roncar dos motores na avenida. Todas as noites lá estava ele, Soltando palavras ao vento. Bradando palavrões contra o mundo. Pensei na criança que ele teria sido,na ingenuidade que um dia também lhe pertencera e que acabou sufocada, solapada pela realidade. Pensei na fragilidade do homem diante das incertezas da vida. Na gigantesca interrogativa que fica diante da origem e do destino. 

Senti-me pequena, esfacelada. Procurando respostas que, conscientemente, sabia não poder encontrar. Fechei os olhos. Suspirei... Vasculhei o meu interior. Havia uma coisa pulsando lá dentro. Lembrei-me do amor. Pensei que pudesse ser ele o conforto. Quando dei por mim já era bem tarde. E os gritos haviam cessado..."


Frederico Salvo (adaptado por mim)

(Re) começar.


"Recomeçar é doloroso. Faz-se necessário investigar novas verdades, adequar novos valores e conceitos. Não cabe reconstruir duas vezes a mesma vida numa única existência. Por isso me esquivo, deslizo por entre as chamas do pequeno fogo, porque elas queimam. E queimar também destrói…"

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Então, que seja doce. Repito todas as manhãs, ao abrir as janelas para deixar entrar o sol ou o cinza dos dias, bem assim: que seja doce. Quando há sol, e esse sol bate na minha cara amassada do sono ou da insônia, contemplando as partículas de poeira soltas no ar, feito um pequeno universo, repito sete vezes para dar sorte: que seja doce que seja doce que seja doce e assim por diante.
Mas, se alguém me perguntasse o que deverá ser doce, talvez não saiba responder. Tudo é tão vago como se não fosse nada.


Caio Fernando Abreu - Os dragões não conhecem o paraíso.